Como eu Descobri o Autismo – Precisamos Falar Sobre o Autismo

Como eu Descobri o Autismo – Precisamos Falar Sobre o Autismo

Precisamos falar sobre o autismo, por quê? Porque é díficil a aceitação quando os pais desconfiam e falar sobre isso ajuda a aceitar mais a situação.

Eu tenho o blog há 2 anos e meio e nunca falei sobre ter desconfiado de o Eric ser autista. É difícil aceitar, é difícil reconhecer isso. Mas hoje vou contar para vocês como eu descobri que o Eric é autista.

Assim como o Eric não olha nos olhos, ele também não olha para a foto.

Primeiro de tudo eu queria dizer que o autista é uma criança linda e normal. Ele pode ser chamado de atípico porque enxerga e sente o mundo de uma forma diferente de outras crianças (as crianças típicas), somente isso. O autismo não é uma doença, é uma condição.

Queria que vocês soubessem que para mim é difícil saber por onde começar, já que eu já li e já me informei tanto, desde que o Eric tinha 1 ano e 8 meses e hoje ele tem quase 4 anos. Li muito Lagarta Vira Pupa, que tem dicas maravilhosas. A Andréia já me ajudou a entender muitas coisas e já me ajudou a saber como lidar com muitas outras.

Então eu vou tentar começar beeem do iniciozinho.

Quando eu desconfiei que ele poderia ter autismo?
Quando ele ainda era bebezinho eu tive a minha primeira desconfiança. Eric mamou no peito até os 5 meses e largou por confusão de bicos e outros problemas por falta de informação minha, mas que agora não vem ao caso. O caso é, ele mamou até os 5 meses e NUNCA olhou nos meus olhos. Na época eu falei com a minha mãe e algumas amigas mas todas me convenceram que não tinha nada demais e assim seguimos com a nossa vida.

Ele se deselvolveu normal. Andou cedo até, com 9 meses e meio. Mas eu sentia falta da interação, do carinho, olhos no olhos. Ele nunca foi muito de abraço ou de beijos. Mas tudo bem, era o jeito dele.

Desde cedo ele se mostrou muito interessado por números e letras e foi aí que eu suspeitei novamente.
Com 1 ano e 8 meses ele lia o alfabeto em duas línguas (português e inglês) e lia os números de 1 a 10 em duas línguas também. Por outro lado ele praticamente se interessava por isso, ele não falava muito. Nessa época já morávamos fora do Brasil.
Essa capacidade precoce de leitura e a dificuldade de lidar com a linguagem oral se chama hiperlexia. Descobri isso há pouco tempo na verdade e uma amiga minha (obrigada, Ligia) me mandou um texto super explicadinho sobre hiperlexia (veja aqui). 

 

Vou enumerar as coisas que me fizeram desconfiar do autismo do Eric:
1-Falta de contato visual.
2-Não apontava para as coisas – ele preferia usar o nosso dedo ou nos puxar pela mão para nos mostrar algo.
3-Interesse por números e letras.
4-Mais tarde aprendeu a ler sozinho.
5-Ecolalia – repetir o que as outras pessoas falam, mesmo quando não faz sentido na conversa ou contexto.
6-Brincava de forma diferente com os brinquedos – com os carros gostava de colocar de cabeça para baixo e ficar rodando a rodinha. Com blocos gostava de agrupar aqueles de formato ou cores iguais.
7-Atraso na linguagem.
8-Dificuldade em reconhecer emoções.
9-Fazer sons com a boca, tipo huuuum huuum huuum.
10-Necessidade de balançar o corpo como se fosse um pêndulo.
11-Não gosta de cortar o cabelo. Esse é um dos piores problemas.
12-Não gosta de água caindo no rosto – uma gotinha é motivo para escândalo.
13-Não gosta de barulhos altos como liquidificador ou aspirador.
14-Odeia sair da rotina – viajar com ele é um pesadelo, são várias crises por dia.
15-Desfralde – foi um grande desafio e ainda é um grande problema. Mesmo 1 ano depois sem as fraldas ainda tem vários escapes de xixi e principalmente de cocô.
16-Até hoje ele balbucia palavras e frases sem sentido em nenhuma língua que ele fala, como se ainda fosse um bebezinho aprendendo a falar. – depois dos dois anos isso deveria ter sumido.
17-Eric sempre gostou de subir em móveis e até mesmo em cima da gente quando estávamos no chão.
18-Demorou muito a responder quando chamado pelo nome. Ainda hoje às vezes parece que não está nos ouvindo.

 

Vale ressaltar que se o seu filho ou filha tiver alguns desses pontos não significa que ele (ela) seja autista. Porque você precisa pegar vários fatores para formar o diagnóstico de autismo.

 

Na verdade tudo isso foi só desconfiança mesmo. Mas a desconfiança aumentou quando preenchemos um questionário utilizado mundialmente para a detecção precoce do autismo e o resultado foi que ele estava no grupo de risco. Foi nesse momento que começamos a investigação. O questionário você encontra em inglês ou em português de Portugal.

Infelizmente a investigação na Irlanda é muito lenta. Ficamos 2 anos e não nos deram o diagnóstico definitivo. Na verdade só tivemos o diagnóstico da pediatra e fonoaudióloga. Faltou o diagnóstico da psicóloga e da terapeuta ocupacional. Porque lá na Irlanda funciona assim, todos os profissionais devem dar seus pareceres e aí você obtém o papel com o diagnóstico que te dá direito de usar todos os serviços que o governo oferece para tratamento.

Pelo menos o Eric fez algumas sessões com a fonoaudióloga, já que ele tem atraso na linguagem, e desde então melhorou um pouco.

Como não tínhamos o diagnóstico definitivo, mal chegamos em Malta e já demos entrada na investigação. Logo de cara percebemos que aqui o sistema de saúde é muito melhor. Estamos nos sentindo muito mais acolhidos. Em breve teremos ajuda de um psicólogo em casa, para nos ajudar a lidar com algumas questões.

Por enquanto seguimos sem ter o diagnóstico final mas com a certeza que de o Eric tem algum espectro bem leve, como Asperger ou algo assim, pois muita gente que o conheçe nem desconfia. Mas todos os profissionais que o viram afirmaram: Eric é autista. Um autista verbal e muito inteligente. Cada autista é de uma forma, nenhum é igual ao outro. Isso é muito importante saber, principalmente pais de crianças atípicas.

Em relação a esses “sintomas” que eu escrevi acima, alguns deles o Eric não tem mais ou não demonstra muito. Aprendeu a lidar com algumas coisas. Acredito que ele vá ser independente um dia. Aliás, essa é a grande preocupação de mães e pais de crianças autistas, que o filho um dia seja independente.

Prometo que a partir de agora vou falar sobre o assunto aqui no blog. Para quem quiser acompanhar.
Bjs, Thata
Obs. Aproveitando que estamos falando do tema AUTISMO, queria contar uma novidade para vocês. O Eric ganhou uma câmera fotográfica (para crianças) de aniversário e está adorando tirar fotos. Fizemos um instagram chamado LENTES DE UM AUTISTA para publicar as fotos que ele tira e está bem legal ver o mundo pelos olhos dele. Não deixe de seguir Lentes de um Autista.

Veja também o vídeo “Como saber se uma pessoa é autista só de olhar para ela”.

Saiba como eu descobri o autismo do meu filho:

21 thoughts on “Como eu Descobri o Autismo – Precisamos Falar Sobre o Autismo

  1. Texto simples, direto e muito explicativo. Obrigada mamãe tagarela por se desnudar aqui no blog e ajudar a tantos pais pobres de informação de qualidade. Obrigada por ser tão generosa e compartilhar conosco “sua dores” e medos. Só uma mãe é capaz de entender a outra. Um beijo meu e do Antônio ?

  2. Thais excelente ? texto.
    Muito explicativo e com bastante sentimento …

    Obrigada ?
    Deixe seu coração ❤️ sempre em paz que tudo dará certo …
    Bjs ?

  3. Muito explicativo o texto, é importante que falemos sobre o autismo, pois muitas vezes a criança é rotulada, por demorar a aprender certas coisas, sem que a família perceba que ela pode ser autista.
    Obrigad apor compartilhar.

  4. Há tempo procuro informações sobre autismo, pois tbm desconfio do meu filho, nessas listagem que vc mencionou acima, ele se encaixa em muitos itens. Agora vou começar a saga com profissionais que pelo que li são muitos. Mas onde moro não se tem muita opção, temos umas 2 neuropediatras em todo o Estado.
    Obrigada pelo texto muito esclarecedor.

  5. Olá, tenho um sobrinho de três anos
    E acredito que ele seja autista, pois tem várias dessas características, não só eu mais outras pessoas também enxergam diferenças no comportamento comparado as outras crianças …a questão é que os pais ja foram alertados por nós parentes e amigos, mas infelizmente eles não aceitam, não se informam e agem com a criança como se ela não necessitasse de atendimentos específicos! Como proceder nessa situação? Quais os malefícios de uma descoberta tardia?

  6. Bom dia, a algum tempo assistir uma série que abordava o tema desde o começo quando descobrem que seu filho têm Asperger, vale muito a pena assistir pois tem o dia dia do garoto, suas crises, a dificuldade de se relacionar e no demais a série é muito boa. (Parenthood)

  7. Boa tarde Thais, não consegui localizar o questionário de detecção do autismo. Me ajuda. Beijo

  8. Tenho muito problema em casa, notei a diferença no meu filho quando ele tinha 3 anos, mais meu marido não aceita ,fala que o filho dele não tem nada , com isso ele já está com 4 anos e ainda não investigamos nada ainda.

  9. Olá!! Obrigada por compartilhar sua história…meu bebê tb não me olha qdo mama…mas me olha muito em todos os outros momentos..qdo mama fica focado no peito ou fecha os olhos… estou tão preocupada que o prazer que eu deveria sentir na amamentação está sendo minado por isso… não sei nem por onde começar…

  10. Oi Thais! Encontrei seu blog por um acaso, ao buscar informações sobre o autismo. Moro na Austrália e a sua descrição foi exatamente como meu filho é. Há poucas semanas constatamos que ele está no espectro e ainda é bastante assustador para nós… Estamos agora correndo atrás dos assessments para fecharmos o diagnóstico. A princípio a neuropediatra nos disse que nosso filho aparenta ser borderline, mas ainda levará um tempo até conseguirmos todas as análises e respostas que buscamos. Fila de espera para tudo… espero apenas conseguir dar ao meu filho um tratamento que o auxilie a ter autonomia. Parabéns pelo blog, vou passar a te acompanhar! Abraços

  11. Foi num processo difícil que descobri o autismo de Nossa filha Nathália na época havia muitas dúvidas e os psicólogos não compreendia muito bem como os sentimentos dela se desenvolvia , mais tarde com diagnóstico fomos orientados e percebemos que o nosso olhar tinha que ser mais cuidadoso e sensível e a colocamos numa escola onde valorizou a aprendizagem respeitando suas dificuldades cognitivas e então percebemos sua evolução de fala como de comunicação e de comportamento.

  12. Olá Thaís muito bom o texto bem explicativo, no meu caso tenho andado bastante preocupada com meu filho de 1 ano e 2 meses desde cedo achei ele uma criança q demora muito a aprender as coisas, só se arrastou faltando poucos dias pra 11 meses e andou com 1 ano e poucos dias , desde q ele nasceu sempre o observo e tenho um aplicativo q me conta passo a passo o desenvolvimento do bebê até seu 1 ano de vida foi aí então q comecei a me preocupar pois vairias coisas q ele faz ou até mesmo não fazia foi o q me trouxe essas preocupações sei q cada criança tem seu desenvolvimento natural de tempo e aprendizado mais no caso do meu filho muitas coisas fiquei com pulgas atrás da orelha, desde muito novinho ele costuma brincar de forma diferente exemplo: girar rodas de carrinhos colocando de cabeça pra baixo, ventilador tudo q gira ele gosta de brincar ainda não se enteressa por outros brinquedos, a questão de olhar nos olhos não reparei desde o início do quando ele tinha seus 7 pra 8 meses q eu comecei a reparar q ele não tem tanto contato visual , quando chamo ele, ele muitas das vezes me atende mais a maioria das vezes ele não me atende posso estar até mesmo perto dele ,adora assistir televisão aí é q tá se for um desenho q ele goste não me olha quando chamo fica empinotizado ,não sabe de sinais como mandar um beijinho ,dar tchau só dar quando ele quer depende do interesse dele ,já cantei várias vezes o parabéns sem bater palmas pra ver se ele faz e ele bateu, também o pintinho amarelinho apontando pra mão ele também aprendeu isso agora mais é quando ele quer fazer e não naturalmente, ele fala pula,pula e papa direto mesmo o pai dele não estando em casa o pai dele passa a semana fora também fala lua e olha pra cima chamando a lua com a mãozinha, dificilmente ele fala mamã é raro, só não sei se ele está entendendo o q ele fala, ele é um pouco sério, dificilmente ele aceita o colo de alguém somente nos de casa avaliei tamb se ele gostava de crianças tem um bb de uma amiga minha que olhava e ria tanto pra ele e ele não tava nem aí, mais já com Lorenzo o filho do meu primo ele olha da cheiro se eu colocar ele pra dar o cheiro, não por muito tempo mais faz isso,toda vida q ele ver a esposa do meu primo ele balança os braços não esqueceu q ela fazia isso pra ele sempre quando ela chegava. Na alimentação nem se fala parou de mamar com 8 meses sempre mamou e tomou leite agora só toma leite ou Danone nada sólido já tentei muito mais ele vomita, sei q ele ainda é muito novinho mais mesmo assim me trouxe muita preocupação pois nos dias de hoje estamos bastante informados por causa da internet, levei ele ao seu pediatra ele me falou q não achava que ele tivesse autismo mais disse q se eu estivesse bastante preocupada e o levasse ao neoropediatra e desde então já o levei o neoropediatra tamb disse q não achava que meu filho fosse autista passou um exame de eletrocardiograma de sono e vigília com fotoestimulação q ainda não fiz e me deu um questionário pra responder.O q me intriga é o fato de saber q ele tem muitas coisas esquisitas como já falei acima o q tamb me deixou muito em dúvida é q agora ele está apontando com o indicador como por exemplo quando ele quer mostra a lua ou objetos, mais ainda não entende quando eu aponto pra alguma coisa ainda não trouxe objeto ou um brinquedo pra mim mostrar , devo me preocupar nessa idade de 1 ano e 2 meses?

    1. Deve sim, Dina. Leva ele em um neuro. Alguns profissionais no Brasil, principalmente que não trabalham com autismo, não dão o diagnóstico antes dos 2 anos. Mas alguns já dão. Tenta descobrir em grupos de pais de autistas (no Facebook tem vários) indicação de um neuropediatra que esteja acostumado com autistas, que a sua busca por uma resposta vai ser mais curta e menos cansativa.

  13. Embora no meu intimo eu ja sabia que minha filha é autista, somente ontem consegui o diagnostico, ela esta para fazer 6 anos, segundo a neuropediatra é um diagnostico tardio mas ainda em tempo de tratamento, passei por varios profissionasi e todos ate agora não concordavam comigo e com isso perdeu-se muito tempo de tratamento. Então maes, se vcs acham que tem algo diferente com o seu filho, insista no diagnostico, não fique com a opnião de um unico profissional, afinal nos melhor que ninguem conhecemos nossos pequenos.

  14. Olá.
    Eu estou na dúvida de meu sobrinho é autista. Hoje ele está com 3 anos, e desde bebê é nervoso, se não deixar ele fazer as coisas ele começa a gritar (achávamos bonitinho), porém pra chamar atenção quando quer algo ou atenção da mãe ele continua fazendo isso. Quando está feliz ele faz caretas, assiste vídeos e faz as caretas pra demostra que ele está gostando, até quando ele vê alguém brincando e gosta ele pula fazendo as caretas. Ele é repetitivo de mais em um tipo de brincadeira, que é tocar instrumentos, ele fica horas assim, troca de um para o outro. Ele ainda usa fraldas(xixi e côco). Ele tem pavor de brinquedos com som, ele grita, chora e diz que tá com medo, ele tbm não gosta de flash de câmera, quando tinha entre 1 e 2 anos ele tinha medo da luz do microondas, quando abria a porta do microondas ele chorava horrores, barulho de furadeira liquidificador.
    Tem mais alguns detalhes que percebi nele, pois meu filho é mais velho que ele só três meses e é totalmente diferente. Falei com minha irmã mas ela não acha que seja nada.

  15. Meu filho tem 3 anos … muitas pessoas falao que ele pode ser altista.
    Uma rotina muito marcante que vejo agora é .se ele vir uma ⚘ele tem que mi da i espera um beijo meu.
    Quando nao deixa fazer o que ele quer se joga no chão batendo a cabeça ,ou bate na com a cabeça na parece ? .
    Meu marido não acredita que ele possa ser .
    Aos 2 anos falava papai e mamãe e poucas palavras …nasceu Júnior o meu mas novo e meu Denis parou de falar .
    Agora com 3 vejo que fala poucas coisa porém .repetições de desenho que ele gosta.
    Tenho que ter uma certeza mas meu coração é aflito com tudo isto.

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